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POLINEUROPATIA TARDIA INDUZIDA POR ORGANOFOSFORADOS

S Karami-Mohajeri. A systematic review on the nerve–muscle electrophysiology in human organophosphorus pesticide exposure. Human and Experimental Toxicology 2014, Vol 33(1) 92–102.

A polineuropatia tardia induzida por alguns inseticidas organofosforados pode aparecer meses ou anos após intoxicações agudas ou crônicas, e se caracteriza por dor muscular e parestesias predominantemente nos membros inferiores, seguidos de fraqueza progressiva e depressão dos reflexos tendiosos profundos, podendo acometer os membros superiores nos casos mais graves. A exposição ocupacional crônica pode levar a neurotoxicidade por vários mecanismos diferentes da inibição da colinesterase (ex. estresse oxidativo, apoptose). As características eletrofisiológicas desta polineuropatia foram objeto de recente revisão sistemática.

AGROTÓXICOS E ESCLEROSE LATERAL AMIOTRÓFICA

Exposição ocupacional e doenças neurodegenerativas.

Gunnarsson LG, Bodin L. Occupational Exposures and Neurodegenerative Diseases-A Systematic Literature Review and Meta-Analyses. Int J Environ Res Public Health. 2019 Jan 26;16(3).

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Revisão sistemática com metanálise concluindo que a exposição a agrotóxicos aumenta o risco de Esclerose Lateral Amiotrófica e Doença de Parkinson em mais de 50%.

Kang, H. et al., 2014. Amyotrophic Lateral Sclerosis and Agricultural Environments : A Systematic Review. Journal of Korean Medical Science, 29(12), p.1610–1617.

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Esta revisão sistemática foi publicada no periódio Journal of Korean Medical Science, em 2014. Vinte e dois estudos preencheram os critérios de inclusão (19 estudos de caso-controle e 3 estudos de coorte). Segundo os dados publicados, a exposição aos pesticidas aumenta significativamente o risco para a esclerose lateral amiotrófica (OR: 1,44; IC95%: 1,22 – 1,70). Os trabalhadores rurais também apresentaram um risco aumentado para esclerose lateral amiotrófica (OR: 1,42; IC95%: 1,17 – 1,73). O risco para a doença não aumenta significativamente para aqueles que vivem em zona rural (OR: 1,25; IC95%: 0,84 – 1,87).

AGROTÓXICOS E DOENÇA DE PARKINSON

Doença de Parkinson e exposição ocupacional.

Gunnarsson LG1, Bodin L. Parkinson’s disease and occupational exposures: a systematic literature review and meta-analyses. Scand J Work Environ Health. 2017 May 1;43(3):197-209.

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Revisão sistemática com metanálise, concluindo por haver evidência robusta de relação entre exposição a qualquer tipo de agrotóxico e um aumento de risco maior que 50% de desenvolvimento de doença de Parkinson.

Van Maele-Fabry, G. et al., 2012. Occupational exposure to pesticides and Parkinson’s disease: a systematic review and meta-analysis of cohort studies. Environment international, 46, p.30–43.

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Nesta revisão foram incluídos 12 estudos de coorte. A combinação dos resultados de todos os trabalhos, sem qualquer estratificação, mostrou um risco aumentado (de 28%) para o denvolvimento da doença de Parkinson em indivíduos ocupacionalmente expostos aos pesticidas (mRR: 1,28; IC95%: 1,03 – 1,58). Foi observado uma associação estatisticamente siginificativa entre exposição a pesticidas e doença de Parkinson (mRR: 2,56; IC95%: 1,46 – 4,48). Aumento de risco significativo também foi observado quando os estudos de coorte prospectivos e melhor desenhados foram combinados (mRR: 1,39; IC95%: 1,09 – 1,78).

Embora os achados devam ser analisados com cautela, a associação entre agrotóxico e doença de Parkinson é biologicamente plausível, de acordo com os mecanismos de ação de diversos agrotóxicos.

AGROTÓXICOS E SUA ASSOCIAÇÃO COM DEPRESSÃO E SUICÍDIO

Freire, C. & Koifman, S., 2013. Pesticides, depression and suicide: A systematic review of the epidemiological evidence. International Journal of Hygiene and Environmental Health, 216(4), p.445–460.

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Esta revisão sistemática reuniu 25 estudos epidemiológicos sobre a relação entre a exposição a agrotóxicos (e também fatores associados à exposição a agrotóxicos, como ocupação em atividade agrícola) e distúrbios psiquiátricos, notadamente, depressão e desordens psiquiátricas (11 estudos) e desfechos relacionados ao suicídio, por exemplo, ideação suicida, tentativa de suicídio e mortalidade por suicídio (14 estudos), publicados no período de 1995 a 2011.

Depressão:

Os resultados de um grande estudo ecológico realizado no Brasil, no Estado do Rio de Janeiro, sugerem a existência de uma associação entre exposição a agrotóxicos e desordens afetivas. Apesar das diferenças metodológicas, todos os sete estudos transversais sobre exposição aos agrotóxicos e depressão demonstraram existir uma relação positiva entre exposição aos agrotóxicos e o desfecho em questão – depressão. Em um desses estudos, agricultores com histórico de envenenamento por inseticida apresentaram um risco de aproximadamente seis vezes maior (OR: 5,95; IC95%: 2,56-13,84) para sintomas depressivos. Outro estudo que investigou 17.295 trabalhadores, o risco para depressão foi duas vezes maior entre aqueles com ocupações agrícolas em comparação com aqueles com ocupações não relacionadas com a agricultura (OR: 2,30; IC95%: 1,61-3,28).

Suicídio:

Quatro dos cinco estudos ecológicos referentes a expostição a agrotóxicos e suicídos mostraram uma associação positiva entre tais variáveis. Em um dos estudos, conduzido no Brasil, observou-se que trabalhadores agrícolas residentes em áreas com alta taxa de utilização de agrotóxicos apresentam um risco aumentado para suicídio – mortalidade – (OR: 2,61; IC95%: 2,03-3,35), e para hospitalização devido a tentativa de suicídio.

De um modo geral, os autores concluem que a revisão da literatura sugere correlação entre exposição a pesticidas, depressão e suicídio, porém a evidência epidemiológica é ainda muito limitada, e há necessidade de novos estudos epidemiológicos prospectivos.

ALIMENTOS ORGÂNICOS VERSUS CONVENCIONAIS

Smith-Spangler, C. et al., 2012. Are Organic Foods Safer or Healthier Than Conventional Alternatives? A Systematic Review. Annals of Internal Medicine, 157(5), p.348–366.

Nesta revisão sistemática foram incluídos 17 estudos em humanos e 223 estudos sobre nutrientes e contaminantes em alimentos. Apenas 3 dos estudos em humanos avaliaram desfechos clínicos, não encontrando impacto significativo em relação a alergias ou infecção sintomática por Campylobacter. Dois estudos demonstraram níveis urinários de pesticidas significativamente menores em crianças que consumiam alimentos orgânicos versus os convencionais, entretanto em adultos os estudos com biomarcadores e nutrientes no sangue, urina, leite materno e sêmen não demonstraram diferenças significativas.

O risco de contaminação dos alimentos por agrotóxicos foi significativamente menor (diferença de risco = 30%, IC -37% a -23%) nos alimentos orgânicos quando comparados aos convencionais. A contaminação por Escherichia coli não foi diferente entre os dois grupos. O risco de detecção de bactérias resistentes a 3 ou mais antibióticos na carne de frango e porco foi significativamente maior na carne convencional quando comparada à orgânica (diferença de risco = 33%, IC -21% a 45%).

Os autores concluem que na literatura científica publicada até 2011 não há evidência de que os alimentos orgânicos tenham composição nutricional diferente dos convencionais, porém o consumo de alimentos orgâncos pode reduzir a exposição a agrotóxicos e a bactérias multi-resistentes a antibióticos (Smith-Spangler et al. 2012).

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